Conversei com a Rachel Cor do Primeiro café, sobre TikTok, jograis e a vídeo-performance da década de 1970.
User generated content e a poesia de todos nós
A história das mídias e da arte dos anos 1970/80 ajudam a entender por que o TikTok não é um sopro. É um vendaval. O retorno do que nunca vem.
Na terça, 10/8, falo sobre "User generated content e a poesia de todos nós", na Semana de Comunicação da Belas Artes. Com Curtis, situacionistas, Jonas, Rist, Acconci e todos nós.
moi ou trois?
A grande chance da arte
A discussão sobre a “natureza” da arte pode servir para alguma coisa. Por exemplo: se a arte é um gabarito do mundo, tanto mais valioso quanto mais fiel ao que representa; se sua vocação residiria na competência da imitação que oferece, toda a questão da mímese desde A poética; se apenas seria arte se fosse figurativa: isso tudo pode servir se nos permitirmos admitir que a vontade de ser o mundo é, por um lado, a causa do fracasso da arte e, por outro, por conta desse fracasso, a própria consagração da arte.
Se nos permitirmos entender que o faz-de-conta de uma figura pintada, esculpida ou escrita é o que move a arte adiante, sem que, para isso, haja uma correspondência com a realidade, forjada; que essa equiparação de irrealidades independe de uma qualidade de execução e que toda arte é um artifício, um truque, um golpe; então, estaremos prontos para reconhecer que a força da arte é sua aptidão não para ser paráfrase do mundo, mas, sim, para existir como paródia dele.
Não existe nada de mulher numa mulher sombreada barroca, e que bom! É essa a arte que, no mundo de representações técnicas, mais precisa ser. Daí todo o arco da arte do contra, com suas paródias, ser mais a confirmação que a negação da arte que veio antes: tudo, todos vocês, todos esses objetos, essas tralhas - tudo uma distorção de um original que não pede para ser capturado. É a nossa condição de fabuladores que nos leva a viver em nome do que poderia ser.
We who have chosen to teach all have our heroes and heroines
My “deep time” of media is written in a spirit of praise and commendation, not of critique. I am aware that this represents a break with the “proper” approach to history that I was taught at university. At center stage, I shall put people and their works; I shall, on occasion, wander off but always remain close to them. It does not bother me that this type of historiography may be criticized as romantic. We who have chosen to teach, research, and write all have our heroes and heroines. They are not necessarily the teachers who taught us or the masters they followed. The people I am concerned with here are people imbued with an enduring something that interests us passionately. I have by no means made a random selection; their work in reflection and experiment in the broad field of media has had enduring, rather than ephemeral, effects.
1965
Rob Stolk, um dos fundadores dos Provos, em agosto de 1965, e um dos mentores da autoliquidação do grupo, dois anos mais tarde. Foto: Joost Evers
¿Qué sucedió con los gobiernos?
Según la tradición fueron cayendo gradualmente en desuso. Llamaban a las elecciones, declaraban guerras, imponían tarifas, confiscaban fortunas, ordenaban arrestos y pretendían imponer la censura y nadie en el planeta los acataba. La prensa dejó de publicar sus colaboraciones y sus efigies. Los políticos tuvieron que buscar oficios honestos; algunos fueron buenos cómicos o buenos curanderos. (Borges, “Utopía de un hombre que está cansado”)
Their heads are crammed with facts, but what knowledge they possess often does not include self-knowledge.
“The job of a college is to bring young people to intellectual and emotional maturity; to intelligence, by which I mean a subtle balance between the intellect and the emotions; not merely to an arbitrary selected amount of cramming… In great part I blame Hitlerism on German education, which always concerned itself only with the intellect, with stuffing the head full of facts, and thus prepared for Hitler a nation of emotional infants ready to succumb to his demagoguery. Essentially the same danger exists here, now that our emotional life is lurching into a general crisis, and for the same reason… Their heads are crammed with facts, but what knowledge they possess often does not include self-knowledge. “ (Professor John Andrew Rice, 1936, na Harper´s Monthly Magazine)
fíjate bien
Los yippies sabían muy bien eso: necesitamos ficción para ver la realidad, así como también necesitamos ficción para ver la realidad como ficción. Todo depende del marco de referencia. Fíjate bien. (Fernández-Savater, 2013, p. 29)
Decir sí, decir no: el formidable barullo de la existencia
Ser dadaísta quiere decir dejarse remover por los acontecimientos, estar contra toda sedimentación, sentarse durante un breve instante en un sofá también significa poner la vida en peligro… Una tela se rasga bajo la mano, se dice SÍ a una vida que quiere elevarse mediante la negación. Decir sí, decir no: el formidable barullo de la existencia arrastra los nervios del verdadero dadaísta. (Tristan Tzara, Franz Jung, George Grosz, Marcel Janco, Richard Huelsenbeck, Gerhard Preisz, Raoul Hausmann. Berlín, 1918).
Perceptual event framed by the artist
This story indicates that Brecht´s notion of the event was not only indebted to Cage (the piece was in fact dedicated to him); it also extended the interpretation of Dada artist Marcel Duchamp´s readymade beyond its association with the everyday object, expanding its capacity to reframe everyday experiences and gestures of art. To Brecht´s approval, Maciunas later described this event scores as “temporal readymades”. Brecht´s innovation was to reimagine the artwork not as a fixed material entity but as a perceptual “event” framed by the artist. (HARREN, 2020, p.9)
travessias
Levou um tempo para eu me interessar por poesia. Na verdade, bastante tempo. Acho torta a maneira como a ideia de poesia chega pra gente. Vira uma tarefa, um problema a ser resolvido. Não que isso seja de todo errado. Mas, depois, com a sorte de tomar a poesia como experiência, sentimento que precisa encontrar alguma forma, a relação muda, e fica menos pesado pensar por que chegamos na música, na rima e, mais bruto, no verso.
Quando pesquisei sobre a etimologia do verso e encontrei o verso como metáfora, como movimento transversal, soube explicar - pra mim e pros outros - aquela extensão da poesia para além do poema. Daí li O arco e a lira, do Paz, e o processamento foi se tornando cada vez mais orgânico. Os momentos, as pancadas e as alegrias da vida, que chegam, cruzam e, às suas maneiras, pedem para ser cantados. Cada um tem seu tempo, sua melodia, seu lugar. Suas pessoas. Pra mim, pra você.
Andando pela 25 de março, antes da pandemia, no final de 2019, dei com uma espécie de rolo de barbante achatado. Uma fita de tecido. Fiquei olhando. Foi um verso. Na hora, comecei a imaginar o poema sobre a faixa; na hora também, me imaginei atravessado o poema que estaria na faixa. E, sem precisar de muito esforço, quando sentei para escrever, entendi que o poema seria sobre a poesia, e que a poesia, a que vale a pena, estava com o combustível carregado: as cicatrizes, boas e ruins, de quando fui atravessado pela vida.