aprendendo a prescrever

 
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A ideia que temos dos nomes é a ideia que aprendemos com os nomes. O céu é azul, inclusive quando é cinza, quando é laranja. A língua prescreve o nosso imaginário. E o horizonte é isso: um h-o-r-i-z-o-n-t-e.

Platão, ao refazer um diálogo entre Sócrates e Fedro, sugere, na vanguarda da psicanálise, uma relação entre a palavra (escrita) e a ideia de phármakon. Naquele grego, a escrita era, ao mesmo tempo, remédio e veneno.

Pensar que nos envenenamos de linguagem parece - sem ser - a mesma coisa que dizer que a linguagem envenena a gente. Essa segunda direção, mais grave, está na letra de "Bê-a-bá", hit infantil do Toquinho: "Quando a gente cresce um pouco, é coisa de louco o que fazem com a gente. (...) E só vai saber ler, só vai saber escrever quem aprender o bê-a-bá".
2020: toda uma universidade da ansiedade, do medo, da incerteza e da insônia. A palavra, viral, encharcada de efeitos colaterais, cura pouca coisa. Falamos mais, falamos menos, e não tratamos a nossa solidão.

Realizado com o grande Mauricio Araujo.

PH: Lucas Hirai
Na foNTE

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