nosotros, los románticos pos los que vinimos antes

Por otra parte, ninguna de las fechas de cierre que se propusieron es admisible desde nuestro punto de vista: ni 1848 ni el fin del siglo marcan su desaparición o tan siquiera su marginación. Si bien en el siglo XX los movimientos artísticos cesan de llamarse así, no es menos cierto que corrientes tan importantes como el expresionismo y el surrealismo y autores capitales como Mann, Yeats, Péguy y Bernanos, llevan la profunda huella de la visión romántica. De la misma manera, ciertos movimientos socioculturales recientes - en particular las rebeliones de los años 60, la ecología, el pacifismo - son difícilmente explicables sin referirse a esta visión del mundo.
— LÖWY, 1992/2008, p.27

Situacionistas, ecos românticos (?)

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Como hizo observar Max Milner, el primer romanticismo (el de comienzos del siglo XX) sigue apelándonos porque “la crisis de civilización ligada al nacimiento y al desarrollo del capitalismo industrial está lejos de haberse resuelto.
— LÖWY, 1992/2008, p.28

O verdadeiro controle do capitalismo atual é o controle farmacopornográfico da subjetividade

Se considerarmos que a indústria farmacêutica - que inclui a extensão legal das indústrias científicas, médicas e cosméticas, bem como o tráfico de drogas consideradas ilegais -, a indústria pornográfica e a indústria da guerra são os pilares do capitalismo pós-fordista, devemos ser capazes de dar um nome mais cru a este trabalho imaterial. Vamos ousar, então, e elaborar as seguintes hipóteses: as matérias-primas do processo produtivo atual são a excitação, a ejaculação, o prazer e o sentimento de autossatisfação, controle onipotente e total destruição. O verdadeiro controle do capitalismo atual é o controle farmacopornográfico da subjetividade, cujos produtos são a serotonina, o tecnossangue e os hemoderivados, a testosterona, os antiácidos, a cortisona, o tecnoesperma, os antibióticos, o estradiol, o tecnoleite, o álcool e o tabaco, a morfina, a insulina, a cocaína, os óvulos vivos, o citrato de sildenafil (Viagra) e todo o complexo material e virtual que participa da indução de estalos mentais e psicossomáticos de excitação, relaxamento e descarga, e também no controle total e onipotente.
— (PRECIADO, 2018, p.42)
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hoje (...)

as tardes de domingo

ontem tinha, hoje (…)

e semana que vem

vêm como um trem

o apito bagunçando

o ar

com o vento

de quando era só apito

e menos saudade

das mesas, da comida, da conversa

na volta de carro

sem fim

- e da risada

que enchiam o domingo

com o ânimo

(a vida)

de viver, de novo, a semana seguinte

com certeza

mais bem a esperança

de brindar o primeiro dia

dos sete dias da semana

no apito de um trem

de novo

cargueiro de um jeito

que é o jeito no qual

tudo

tudo que vai ser nada

ainda

pode

acontecer

contra)revolução

Qualquer pessoa com um bom ouvido para as nuances do discurso sobre a revolução, estendendo-se até o nosso tempo, reconhecerá a mudança, assim como os elementos confusos e que confundem desses chamados repetidos para a revolução, muitos dos quais, sob as pressões da história subsequente, se tornariam não apenas alternativas, mas antagonistas políticos reais.
— Raymond Williams, 1998

O abraço, de novo

O abraço, de novo

Da última vez
a gente se olhou de longe
soprando dois beijos
Quem sabe
aconteceu
de se cruzarem, soltos,
no meio do caminho?

O que tinha de rotina
num gesto de despedida
O toque macio do capuz
do moletom
eu visto agora
fracassando em roubar pra sempre
o que existe
só e quando é dos dois

Ficamos
Eu fiquei
manco, com os dois braços
caídos, rentes ao corpo
inventando um eixo
que eu não tenho mais

Era assim agora
vazio e arrastado
sem a promessa
do abraço
sequer do último
esvaziado
por conta de tudo, maior
que não vai ser

de novo
 

toda disciplina tornada autônoma deve desmoronar

O desenvolvimento dos conhecimentos da sociedade. que contém a compreensão da história como cerne da cultura, adquire por si um conhecimento sem retorno, expresso pela destruição de Deus. Mas essa “condição primeira de toda crítica” é também obrigação primeira de uma crítica infinita. Quando nenhuma regra de conduta pode mais se manter, cada resultado da cultura a faz avançar para a dissolução. Como a filosofia no instante em que ganhou sua plena autonomia, toda disciplina tornada autônoma deve desmoronar, primeiro como pretensão de explicação coerente da totalidade social, e depois até mesmo como instrumentação parcelar utilizável em suas próprias fronteiras. A falta de racionalidade da cultura separada é o elemento que a condena a desaparecer, porque nela vitória do racional já está presente como exigência.
— DEBORD, 2012, p.120
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Depois é sempre muito tarde

A gente perdia as horas
pensando no mundo que seria
se a maçã fosse cor
de uva
e o sapato, de algodão

Chegamos a ter certeza
a gente alcançaria o céu
algum dia
e visitaríamos o fim do mar
sem precisar viajar

O jogo de tabuleiro
ganharia sensualidade
Jogando online
estaríamos mais à vontade
para gozar em paz

E planejamos experimentar
o Bonzo que o Trica comia
E a poesia
antiqualquer coisa
abriria nosso caminho
para uma hipersensibilidade
dos extraordinários

Não mataríamos ninguém
viveríamos da vida
sanguessugas
picada de saúva
sorvendo a beleza
que é poder sentir
a dor, que seja

Celebraríamos picnics
surpresa
no maior parque da cidade
em horário proibido
um bote inflado
Terminando sujos e molhados
se a amizade vale a pena

Não trocaríamos a coisa
pela palavra
Não abandonaríamos o lugar
o cheiro, o calor, a luz ardendo os olhos
pela condenação
de querer inventar
quando já não aconteceria

Tudo obedecendo
a um tempo mágico, interminável
Indefeso diante
da teimosia
de ser sempre
e que acaba

Então
na volta da lanchonete barata
suficientemente perto de casa
olhando
míopes
no outro lado da calçada
suporíamos

o outro

do algodão
do mar
da ração
do tabuleiro
da porra
da poesia
e da dor e da condenação
de narrar a vida longe das coisas vivas

Apagado por um presente
tarde demais
pra ser
o que
o futuro do passado
seria
um dia